quinta-feira, 31 de maio de 2012

Apoio moral


ás vezes vou-me abaixo nesta demanda de procura de emprego. Eu sei que sou uma boa profissional, que tenho muitas capacidades e competências, porque ao longo da minha carreira profissional superei diversos desafios com profissionalismo e bom desempenho. Tenho boas referências.
Contudo encontro-me no desemprego, como muitos portugueses que sempre deram o seu melhor ... e começo a questionar-me:
  • Então porquê que fiquei desempregada
  • O que terei de mudar na minha atividade profissional? 
  • Terei de melhorar algum aspeto? Imagem?
  • Obter formação em alguma linguagem/aplicação/idioma? Qual o custo monetário da formação? E da deslocação? Posso pagar? Depois vou trabalhar com essa tecnologia?
E depois  absorvo as respostas:
  • Eu não controlo tudo
  • Não existem pessoas insubstituíveis
  • Quais sãos os benefícios que os meus futuros empregadores podem ter comigo?

Os meus amigos, familia, namorado têm-me apoiado bastante ... mas detesto sair à rua e encontrar alguém conhecido que me pergunta:
  • estás de férias?
  • o trabalho vai bem?
  • quando compras um carro?
  • quando te casas?
Eu não quero responder que estou desempregada, não quero ser humilhada. E depois perguntam?
  • O que aconteceu?
  • Outra vez?
  • O que fizeste?
  • E agora?
  • Enviaste muitos currículos?
  • Tens ido a muitas entrevistas?

Há alguns que ainda respondem:
  • com esta crise, eles mandam os que trabalham embora e ficam com os que pensam que trabalham
  • ou mandam os que estão mais abaixo embora, porque o chefe é o último a ser mandado. Mostra que trabalha mais, mas nem sempre está informado do que se passa em baixo e manda pessoas competentes embora.
  • só os lambe-botas ficam
  • não desanimes, que isto vai ter de mudam

Mas outros ainda atacam:

  • o desemprego 
    • agora é moda, há muito trabalho, as pessoas é que não querem trabalhar - os empregadores preferem meter estagiários sem receber ou pessoas que lhe dão regalias a nível dos descontos. Outros empregadores nem pagam e andam sempre a trocar de empregados. 
    • é uma oportunidade - de quê? De ser mal-tratado pelos outros? De viver com aflições e preocupações todos os dias?
  • os desempregados 
    • estão na praia a passar férias - há pessoas que nem tem € para as deslocações da entrevista. Penso que as pessoas que moram à beira da praia vão lá, para se animar um pouco, mas continuam a procurar emprego. Querem que os desempregados fiquei a chorar da sua desgraça, no tempo que não procuram emprego?
    • andam aí de loja em loja, a pedir o carimbo da empresa, nem pedem trabalho, só o carimbo - às vezes as pessoas já estão tão fartas de pedir e ouvir que não precisam de contratar ninguém, então pedem o carimbo para comprovar que andam à procura de emprego
    • estão a receber subsídios e em casa sem fazer nada - quem tem direito ao subsidio de desemprego foi quem descontou direitinho. E existem muitas pessoas que trabalharam a recibos verdes, descontaram e não têm direito a subsidio, agora que estão desempregadas.

E depois quando temos de ir ao centro de emprego, um sítio que nos devia aconselhar e ajudar nesta demanda, dar-nos dicas positivas ... ainda somos tratados como inadaptados, não têm nenhuma consideração por nós (somos um nº a eliminar nas estatísticas):
  • não podemos recusar nenhuma oferta de emprego, mesmo que 
    • já tenhamos ido à entrevista na oferta que eles estão a oferecer e não fomos selecionados
    • não existe transporte público para nos deslocarmos
    • o salário não dê para a nossa sobrevivência, quando o há
    • as tarefas não se adequam à nossa especialidade
  • deixam-nos horas à espera, em pé, para nos chamarem e falarem-nos num tom altivo, a tratarem-nos como marginais
  • eles tratam-nos mal, a ver se eliminámos a nossa inscrição no centro de emprego e não aparecemos nas estatísticas dos desempregados. Já para não falar em deixarmos de receber o subsidio de desemprego, que temos por direito, por termos descontarmos vários anos de trabalho

Sinto-me desmotivada, estava à espera 
  • que o Estado auxiliasse mais os desempregados com medidas diferentes, das que tomou
  • que as empresas não se aproveitasse tanto das fragilidades de um desempregado
  • que houvesse mais compreensão, por parte das pessoas, da nossa triste realidade e não atacassem o que não estão a viver na pele

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