quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Ensino

Eu sou do tempo, em que só era obrigatório estudar até ao 6º ano.
E naquele tempo havia muito respeito pelo professor, porque ele transmitia-nos muito conhecimento.
Eu gostava muito de aprender e era das melhores alunas, mas não sabia se queria continuar depois do 6º ano, porque a maioria dos meus colegas ía deixar: as raparigas íam para as confecções e os rapazes íam para as fábricas de móveis. Mas a minha mãe insistiu e as minhas irmãs mais velhas tinham continuado os estudos.
Como tinha irmãs mais velhas, os livros delas ficavam sempre para mim, e nunca houve problema na reutilização de livros na escola.
E quando tinha uma dúvida, elas ajudavam-me. O meu pai insistia muito nas contas e nos problemas da matemática, porque para o negócio era fundamental.
Naquele tempo só ao sábado de manhã é que víamos alguns desenhos animados e à semana tentávamos brincar á macaca, ao elástico, à caça-caça ... E muitas vezes escondidos dos pais, porque os meus pais tinham uma fábrica de malhas para bebé e era necessário ajudar: cortar pontas, embalar, fazer caixas ... E também tínhamos de ajudar na lida da casa... Esses trabalhos nunca afectaram a minha prestação na escola ou a minha infância.
Fiz toda a minha formação académica no ensino público: escola primária, ciclo, liceu, universidade.

Agora a analisar como está o ensino, sinto-me frustrada, porque eu agradeço aos meus professores a educação e disciplina que me deram. Custa-me muito vê-los a serem tratados como inúteis.
Eu ainda não tenho filhos, mas acho que se criou uma segurança à volta das crianças, que muitas vezes não é saudável. Como os pais trabalham e estão pouco tempo com os filhos, tentam dar prendas para compensar isso. E muitas vezes os professores têm problemas agravados com os miúdos que pensam que podem fazer tudo o que lhe dá na telha!
Conheço muitos professores desempregados que são competentes na sua profissão, e porque o Estado tomou más decisões, eles estão no desemprego. O governo pode dizer que o número de alunos diminuiu, mas o número de anos de escolaridade obrigatório aumentou e há mais gente a apostar na formação (pessoas com experiência profissional que querem tirar cursos ou actualizar conhecimentos) ... Muitos jovens escolheram ir para essa profissão, mesmo sabendo que havia desemprego, porque acharam que iria melhorar, quando eles terminassem o curso.  Muitos professores estão a concorrer para outras áreas, tenho muitos a concorrer comigo às ofertas de emprego ...


O Estado não devia cortar a torto e a direito, para ver resultados a curto prazo, devia seguir modelos e medidas que obtiveram sucesso. Não paga o ordenado do professor, mas paga o subsidio de desemprego, subsídios ... No início do mês de Setembro de 2012, houve pessoas a marcar a sua vez, às 23h para poderem ser atendidas no dia seguinte, no centro de emprego.
O ensino público está a atravessar uma fase muito dificil e a maioria das pessoas só podem contar cm ele.

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